quarta-feira, fevereiro 07, 2007


Aracaju, bon voyage

Viagens de última hora têm tudo pra dar certo porque não deixam tempo pra se imaginar muita coisa. Tudo o que vier é lucro, e ainda na pior das hipóteses, uma viagem sem gracejos vira pauta pra uma conversa distraída ou assunto pra um desses blogs perdidos na vida. "A expectativa estraga os filmes", penso eu, todos os dias, “assim como quase estragou meu venerado Pulp Fiction”. Resgatei-o, anos mais tarde, pensando retificar a estréia falida e me surpreendi: com a vista serena, percebi sem exageros como é deliciosa a trama. E foi assim em Aracaju, cidade que sempre imaginei insossa, mas de onde voltei saudosa neste último domingo.

Na quarta-feira cinza, mezzo tediosa, mezzo calabresa, meu amigo que edita filmes me assalta com uma proposta imperiosa:

- Vou pra Aracaju com meu primo neste fim de semana, quer vir?
- ...
- Festival de graça com Titãs, Vanessa da Matta, Pato Fu e Lenine.
- Hum, que massa! Mas como vamos?
- Ah, aventura, Jojo!
(Palavra perigosa. Acho que ele está me desafiando.)
- Vamos, claro!

A viagem seria na sexta. Adiei, não propositalmente, minha resposta pro último minuto, deixando suspensa no ar uma pequena tensão – o tempero. Partimos pra Aracaju, desviando do caminho pra agregar um quarto elemento e seguimos, todos à bordo do revolucionário Pancho Villa, cabra experiente, conhecedor de causa e das regras herméticas, milhares de quilômetros rodados.
Lá chegando, fomos acolhidos por uma boa alma. O festival, na orla de Atalaia, foi primoroso. O show de Lenine teve até (d)efeitos sonoros: de repente, um apagão sinistro de som e luz que só voltou 15 minutos depois, enquanto ele tentava entreter o público já disperso apontando, doido que só, pro céu de lua cheia.

No fim do show, todos de bundinha na areia filosofando bonito sobre as teorias do amor, quando acontece essa maravilha:
- Ah, ah, ah, ah, ah.
- ???
- É niuma, é niuma. É niuma véi! – disse ele, que brotou do nada ao meu lado, falando através do último dente, enquanto pedia minha mão. Hesitei um segundo, dei a mão e entramos todos no clima:

- É niumaaa!!! É niumaaa! Ô véi é niuma!!!
- Ah, ah, ah, ah. Ainda tem show lá???
- Vá, véi, tem, véi! Mas é niuma!!!
- Ah, ah, ah, ah, é niuma, é niuma! É niuma!

O resto fluiu na maciota. Cervejinha, sol brando, praia e água de coco, embora eu só tenha entrado no mar sergipano cor de barro mesmo pra pular as sete ondinhas, e ainda por pouco tempo, nos últimos minutos do dia de Iemanjá - creio eu que tenha dado tempo. Entre "joanices" (não conhece? É um neologismo que classifica atitudes de, digamos, fácil compreensão) e muita risada, voltamos pra casa, acho que todos bem felizes.

6 comentários:

Anônimo disse...

e niuma? e niuma mesmo?
hehe

Anônimo disse...

HUNF!!!!
não gostei nadinha dessa viagem...
proxima vez quero saber com antecedência q horas vai? com quem vai? onde vai ficar??
que idependência é essa??????

é niuma véi.. quando você chegar aqui nas área tu vai ver, a chapa é quente...

Edu Alves disse...

que menina mais talentosaaa....
dá um work shop?

Anônimo disse...

ok, ok, te perdôo por não ter ido no red river comigo... mas pular 7 ondinhas????? isso não era pra vc ter feito no reveillon? pagando obrigação atrasada???
rs

Anônimo disse...

É niuma, com certeza.

É niuma = tá tudo bem, tudo legal, tudo na boa.

Anônimo disse...

Descobri o teu blog por acaso.
Gosto da forma honesta como escreves. Voltarei certamente.
:)