segunda-feira, janeiro 29, 2007

Você conhece a Céu?

Ah, você precisa dela. O mundo precisa. A França já precisava, enquanto a gente nem sabia quem é.

Céu é uma jovem paulistana e dona de uma voz deliciosa, nova, malandra, completamente sedutora. Inteligente e talentosa, mescla samba de raiz e grooves africanos às tendências high-tech da música do mundo, com refinamento e delicadeza. É maestra, ainda menina. Abriu, elegante, um grande festival europeu de jazz em 2006 cantando uma música sua com a Orquestra Sinfônica de Amsterdã. É a nova paixão de Caetano e a promessa de muitos para um novo grande nome na música brasileira.

Disseram que tem música dela em uma novela, foi aberta a brecha. Ou a chaga, pra esses tempos modernos em que a pérola exposta perde um pouco do charme depois de aberta a ostra. E você, ainda não a conhece? Ora...

http://youtube.com/watch?v=IbhSJyg69W0

(no dia em que o blogger fizer tudo o que eu mando, como despachar educadamente os links que eu coloco aqui, eu deixo tudo bem arrumadinho, prometo)

Essa é "Malemolência", canção de autoria de Alec Haiat e Céu. Este é o trecho de um show no programa Ensaio, da TVE, que passou não sei quando.

segunda-feira, janeiro 22, 2007



Problemas com meu septo nasal

Fui à médica das vistas hoje à tarde. Depois de tantos anos, tinha quase esquecido de como são entediantes essas consultas, o interminável arder de olhos, a demora, os incontáveis vai-e-vem, o “volta”, “senta aqui”, “encosta bem a testinha, meu bem, mais um pouco, isso”. Fora a cegueira temporária, lastimosa, as pupilas em flor, as lágrimas de madalena, tudo isso na hora em que eu, aos suspiros, tentava enxergar um pouquinho do García Bernal, o santo colírio pros olhos, com aquelas falas de menino lindo, impávido, tranqüilo, estampadas em uma das vistosas entrevistas da revista Oi.

Pois bem. Rumo à ótica encomendar meu novo rebento de meio grau no olho esquerdo e nenhum no olho direito. Avisei que não queria nada muito chamativo, mas não queria nada também flutuante, sem graça, invisível. Falei que gostaria de uma armação escura, mas que a depender do estilo, poderia ter uma cor alegre.

- Por favor, nada de oclinhos estilo vogue, com um dedo de largura na perna, que eu não quero ficar com cara de besta.

A caríssima me trouxe cinco ofensas. Tive que me levantar pra escolher por conta própria. Peguei cinco, clássicos, sóbrios, discretos, com cara de nada, do jeito que uma moça séria deve usar. Sentei de frente pro espelho e lembrei de Danuza, que maldisse certa vez as luzes escandalosamente brancas dos elevadores comerciais que acabam com a auto-estima de qualquer moçoila, acusando aos berros os cravos nossos de cada dia. Iluminada, me pus a experimentar os brinquedinhos e, antes que eu pudesse falar “gostei desse”, a moça me vem com essa:

- Ah, esse não ficou bom. Você tem o septo nasal grande.”

Meu Deus!!!!!!!!!!!!!!!!

“Você tem o septo nasal grande”, corta para a cena do povo visitando o Homem-Elefante. “Você tem o septo nasal grande”, corta para os médicos o avaliando: “Hum, elefantíase" (hum, septo nasal grande). Meu Deus!!!

- Você tem o septo nasal grande, por isso os óculos não assentaram.

Ah, ta.

- Eu sabia. No fundo eu sabia que tinha algo de errado com esse nariz.

- Peraí, pega esse aqui e experimenta. Aí, ta vendo? Esse ficou bom.

E não é que ficou, menina, “equilibrou as minhas linhas faciais”, “suavizou os meus contornos”, “deu um toque irreverente no meu look”. Ui!

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Jovem pede escudo de time, mas tem surpresa

Imagine que você é um jovem torcedor argentino apaixonado por seu time. Passa anos torcendo, vibrando a cada partida, sofrendo com cada derrota. Coleciona pôsteres e grava fitas com os melhores lances. Imagine também que você sempre quis ter uma tatuagem, mas não lhe ocorria um bom motivo. De repente, você enxerga a possibilidade de unir essas duas coisas em algo que tenha um significado igualmente especial na sua vida: uma tatuagem do escudo do seu time!

Você, cabrón, vai corajoso ao tatuador e decreta: “quero o escudo do Boca Juniors aqui, nas minhas costas!!!”. O tatuador pede a você que se acomode e começa a sessão. Bzzzii! Bzzzzzii!! “Dói, mas vai ficar massa”, você pensa. Terminada a sessão, você, afoito, pede ao cara para ver no espelho, mas não tem espelho. Vai correndo para casa. Chega, ofegante, e reúne a família, "Quero todos aqui". É surpresa. Liga para seu avô, o patriarca das gerações de torcedores. Chama os vizinhos e pede pra esperarem. Convoca amigos e amigos de amigos.

Sala cheia, olhos atentos, um acontecimento. Você anuncia: “Eis aqui, amigos e queridos desconhecidos, algo que eu sempre quis ter estampado, para mostrar ao mundo inteiro a coisa de eu que profundamente gosto”, e, de costas, tira a camiseta. Vê as caras de espanto. Confuso, você corre para finalmente ver seu objeto de louvor no espelho, e o maledito te revela a obra-prima do tatuador mais sacana, brasileiro na certa, esse escroto, que lhe rabiscou no meio das costas não um escudo, mas um pênis e dois enormes testículos! Buuuniiito, hein argentino?

terça-feira, janeiro 09, 2007

Histórias de mabaças



[São Cosme e São Damião, do alto de seus tronos diminutos, não imaginariam se tornar o pivô de meus pensamentos em plena segunda feira de ardiloso labor - um dia de verão, para mim, irritantemente ensolarado.]

Trago duas historinhas com a ajuda da memória e do wikipedia:

1. Os relatos sobre os santos gêmeos atestam que eram originários da Arábia, de uma família nobre de pais cristãos, no século III. Estudaram medicina na Síria e foram praticá-la na Egéia e Ásia Menor. Diziam: "Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo e pelo seu poder". O culto aos dois irmãos é muito antigo e há registros sobre eles desde o século V. Os escritos relatam a existência, em certas igrejas, de um óleo com o seus nomes que tinha o poder de curar doenças e dar filhos a mulheres estéreis. Seus nomes verdadeiros eram Acta e Passio. Surgiram várias versões para suas mortes e uma delas explica que os irmãos realizavam milagres e, por isso, foram amarrados e jogados em um despenhadeiro sob a acusação de feitiçaria. Em outra versão, na primeira tentativa de morte, foram afogados, mas salvos por anjos. Na segunda, foram queimados, mas o fogo não lhes causou dano algum. Apedrejados na terceira vez, as pedras voltaram para trás sem atingi-los. Por fim, morreram degolados.

2. Ártemis, deusa grega da caça e da vida selvagem, saiu primeiro da barriga de Letó e pôde inaugurar seu título de deusa dos nascimentos auxiliando no parto de seu irmão gêmeo Apolo. Zeus, seu pai, presenteou-a com uma corte de ninfas que, como ela, escolheram a castidade e fê-la rainha dos bosques. Uma lenda conta que ela se apaixonou perdidamente pelo jovem Órion e, se dispondo ao casamento, provocou a fúria de seu ciumento irmão. Apolo impediu o enlace mediante uma grande perfídia: achando-se em uma praia, na companhia da irmã, desafiou-a a atingir com a sua flecha prateada um ponto negro que indicava a tona da água e que mal se distinguia, devido à distância. Ártemis, vaidosa, retesou o arco e atingiu tranquilamente o alvo, que logo desapareceu no mar, fazendo-se substituir por uma mancha ensangüentada. Era Órion que ali nadava, fugindo de um imenso escorpião criado por Apolo para persegui-lo. Ao saber do desastre, Ártemis, desesperada, fez com que o pai transformasse a vítima e o escorpião em constelação. Assim, quando a constelação de Órion se põe, a de escorpião nasce, sempre o perseguindo, mas sem nunca alcançar.


///


Histórias sobre gêmeos, não sem motivo, sempre me causaram encantamento. Mas poderia tranquilamente não causar, se considerado o sem número de vezes em que tive que parar para responder a perguntas do tipo: "quando uma fica doente a outra também fica?", ou "vocês lêem o pensamento uma da outra?". Ainda a mais freqüente e estupefante de todas: "como é ser gêmea?". Aprendi a retrucar: como é não ser gêmea, se já nasci assim?

O recente nascimento de gêmeos ingleses, um branco e o outro preto, foi manchete por dias nos jornais do mundo inteiro. Embora não corresponda exatamente a um exemplar motivo jornalístico - afinal, como aprendi com minha madrinha de blog Alessandra Alves, o que é notícia não é o cão que morde o homem e sim o homem que morde o cão -, acabo de saber que tal ocorrência é das mais remotas possibilidades matemáticas, sendo inferior a um em um milhão de eventos.
Jornalistas de plantão enumeraram pelo menos cinco recentes casos como esse, mostrando que o acontecido não é manchete tão incomum quanto aparenta.

Para provar a ausência de ineditismo, venho partilhar uma outra história que se iniciou em terras brasilis (em terras soteropolis, pra ser precisa) há exatos dezenove anos. Há este tempo, século passado, ano de 1987, nasciam gêmeas de cores diferentes na cidade do Salvador. Uma branca e a outra preta. O caso despertou espanto na maternidade e um pacto comunhando o silêncio entre os presentes teve que ser feito, a fim de evitar devaneios acerca da moral dos pais e suas crianças. Na agitação, uma pergunta: como esconder algo tão evidente? Tudo era sugestões e soluções mirabolantes naquela improvisada sala de justiça. Diante do problema que urgia por uma saída, uma testemunha sensata elegeu quatro das possibilidades mais providenciais. Analise:

1) Forjando um suposto tratamento de icterícia (doença pouco grave que ataca recém-nascidos), Joana seria submetida a severos banhos de sol de meio dia bezuntada em óleo de urucum com beterraba, enquanto Lígia receberia abrigo absoluto de luz, exceto depois de mergulhada (até o calcanhar) numa bacia de Coppertone;

2) Como era esperado um casal ao invés das duas meninas - verdade verdadeiríssima, houve engano na ultrassonografia e era pra ser Lígia e Victor! Pense que por anos eu sofri a dor de saber que meu nome foi escolhido ao léu, assim, às pressas - podia-se alegar troca nos berçários, criando de brinde o mote pra um posterior novelão no Fantástico;

3) Depois de passar a primeira infância coberta por véus e tecidos, Lígia, ao atingir certa idade, viajaria pelo norte da África ou por ares australianos onde, em contato com aborígenes, adotaria pinturas tribais como devoção religiosa e voltaria ao Brasil pronta pra conviver com a hermana sem levantar qualquer questão;

4) Portadora de raro caso de fotossensibilidade, o bebê Joana seria mandado para os Alpes Suíços onde poderia crescer com mais conforto. Ao cabo de vários anos, curada e de volta ao Brasil, Joana usaria como álibi a falta de calor, de sal, de sol, de cores tropicais que empalidecem, juraria, um negro do Alabama.

Abro a caixa de comentários para que você, caro leitor, dê o seu palpite sobre o enredo da história das mabaças. O final você decide!