Saí. Pensei em sorvete de cupuaçu, delírio de náufrago. Os dedos do pé escorregavam de suor sobre as havaianas. Cruzei a praça, passei ao lado da fonte; dentro dela, um perro callejero sortudo se refrescava. Desisti do sorvete, meu sonho agora era uma pedra de gelo pra eu esfregar na nuca. Até o vestido, tão levinho, era desconfortável. Qualquer roupa é roupa demais onde o termômetro passa dos 30 e a brisa do mar não alcança.
Vi outro cachorro chupando gelo. Que delicadeza de quem deu. Devia ser o dia dos cachorros, pensei com o sol marinando as idéias. Fui pela sombra até perto de casa, à costa dos bares, pra aproveitar a sombra. Parei quando encontrei uma amiga que me convidou para sentar. Sentei naquele barzinho lindo, do lado de fora pra fumarmos um cigarro e meio, e sobre minha cabeça, o borrifador de água que refrescava os clientes. Devia ser meu dia também.
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