quinta-feira, abril 10, 2008

O dia em que eu dancei "Não vale mais chorar por ele"


Toda vez que encontro meu amigo Wallie, cujas madeixas e barba ruivas colocariam qualquer viking no chinelo, a gente se dá um abraço, com direito a "beijo cheirado" no pescoço um do outro, e aí eu lanço às gargalhadas um tórrido estímulo à sua memória: "E bote aê! Bote aê, bote aê, bote aê...". Ele ri um riso nervoso e revida "Não vai esquecer nunca, né?".
Não vou esquecer mesmo. Não é todo dia que se consegue arrastar o maior metaleiro da cidade para um ensaio da Xinelada (com xis mesmo), a então banda do pagodeiro Beto Jamaica. Foi há um ano e meio, quando novas e inusitadas descobertas escancaravam as portas da minha percepção. E uma vez aberta, através dela passou de tudo, algumas coisas boas, outras nem tanto. Mas, ao contrário do que deve ter concluído meu público de bon goût, Xinelada entrou pro rol dos bons achados.
Eu sentia um fastio de shows e festinhas e não acreditava que aos 19 minha fase festeira já tivesse passado. O problema é que eu achava tudo igual. A mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim. Cheio de ervas daninhas. Nada de novo. As mesmas conversas chatas. Os caras inúteis. As roupinhas descoladas. Musiquinhas, bandinhas. Sair pra quê?
Então, entregue à sorte de um domingo nublado, desgostosa e vulnerável, fui "capturada": aceitei o convite de umas amigas e fui checar com meus negros olhos o supracitado ensaio, já imaginando a piada que seria - afinal, só poderia ser de brincadeira, imagina, eu ir pra um show de pagode.
Lá, adivinhem: sambei como nunca, bebi como há muito não fazia, ri à beça e só vi pessoas rindo. E não foi brincadeira. Todo mundo vestido do jeito que queria. Gente simples, playboys, peruas, tinha de tudo, a única lei era se divertir. Acho que foi aí que eu comecei a entender o que eu procuro numa festa, mas ainda não sei completamente.
Na semana seguinte fui lá de novo. E na terceira, com várias amigas pra ajudar, consegui levar Wallie, que acabou gostando também, eu tenho certeza - apesar de não admitir nem sob tortura.
E agora, neste feriado de semana santa que passou, quis o destino que eu me lembrasse da história logo em Moreré. No sábado de Aleluia, a sensação da vila era o show do Paixão Cigana, grupo de arrocha puríssimo. E lá, com mon chéri a tiracolo e a vila inteirinha, de crianças a velhinhos, eu dancei, bebi, caí, levantei, cantei "não vale mais chorar por ele", e prometi pra mim mesma nunca mais perder uma dessa.

10 comentários:

Paulo Bono disse...

não espalha, mas já cheguei a ir num show da Companhia do Pagode.

abraço, essa menina

Tatiana disse...

POxa, as vezes é tão baum liberar geral, isso ñ quer dizer q vc aderirá essas músicas para seu repertório.
Solte as frangas!

Anônimo disse...

tão soltíssimas Tatiana!!!!!!!!

Rsrsrsrs!

Beijo!

anjobaldio disse...

Obrigado pela visita. Grande abraço.

Unknown disse...

ca-ra-lho!... edição, impressão, coquetel de lançamento... tá esperando o quê? Que mais alguns anos de vida lhes dêem credibilidade? Se assuma!

Unknown disse...

lindo jojo

Sunflower disse...

gente, um funkão tb é bom demais.
tem dia que meu cerebro acordo no meu quadril, ou meu coração, sei lá.

Unknown disse...

Oi petite coccinelle...
Que de souvenirs de cette bonne soirée,
je donnerais tout pour recommencer.

Arrocha menina, ça restera surement un de mes meilleurs moments de mon temps passé au Brésil, et certainement avec toi :)
Ma chérie, bisous!
Eu

Anônimo disse...

Escancara Jô, libere desse sistema que te aprisiona, vc é uma arrocheira de marca maiorrrrrrrrrrrrr

Anônimo disse...

Tia Teca disse
Pôxa Jô, já não estou tâo animada agora, o primeiro comentário que não foi postado(não sei por que)estava tão apaixonado!
Bem, lembro quando dávamos verdadeiros shows de samba e outros, em cima daquelas mesas bambas e coloridas de festas de largo!
Beijos,
Teca