Toda vez acerto na mosca, mas nunca aprendo. O pré-conceito do meu olhar é imbatível e assim mesmo eu dou ouvidos a um anjo que me sopra toda vez: "calminha, nesse diagnóstico". Me basta um olho-no-olho de segundos pra capturar os segredos de alcova do objeto mirado. Eu olho os olhos de alguém e percebo do que se trata aquele ninho de intenções. Claro que isso de maneira precária, subjetiva, se viesse tudo traduzidinho, meu nome era Cigana Padilha e hoje eu estava lendo o fado tropical dos viajantes na rodoviária - o que não seria tão mal, ao menos tiraria uns trocadinhos, melhor lucro do que desta vidinha de blogueira pobre.
Elocubro, rapidamente, este pensamento depois de matutar a última decepção sofrida, fim se semana passado, São João. Culpa dessa costumeira falta de atenção à minha infalível mirada. Eu já sabia que se tratava de uma cretina, aquele ar de histeria contida não me enganava, mas o anjinho apaziguador me guardava, sentado em meu ombro, dizendo baixinho "teiquirise, Juanita". Foi na mosca: a maledita descascou injúrias gratuitas a minha doce pessoa. Aguentei firme e revidei altiva, bebi a parte de licor de jenipapo que me cabia e fui pular outra fogueira!
domingo, junho 24, 2007
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16 comentários:
Acontece...
hehehehe
Temos de estar preparados
hipócritas são aqueles que não admitem os preconceitos. até pq alguns não são preconceitos. porra, não fomos nós que inventamos os estereótipos.
as putinhas estão aí, os otários tb, os marginais e políticos nem se falam, quanto mais as nigrinhas chegadas a um barraco.
abraço
Cara Joana.
que bom que você gosta dos textos.
grande abraço.
�timo esse texto, Juanita. Tamb�m sofro com o preconceito dos outros sobre as minhas "intui�es", mas o povo n�o diz que sou preconceituoso e sim que sou louco. Me convenci disso por um bom tempo, porque eu realmente ficava submerso na atividade de escavar os outros e acabava me perdendo na imagem de um outro que at� o outro desconhecia. Hoje os rem�dios me ajudam muito.
Beijos,
Davi Cris�stomo.
P.S.:Adorei o "teiquirise, Juanita".
Que maravilha!hahaha
Muito bom!
Geralmente aprendemos de duas maneiras, "tomando" na cabeça, ou olhando os outros levarem porrada. Na maioria das vezes aprendemos da segunda maneira.
Beijos
Biazus
não sei se uma cigana falaria de "elocubrações". É uma palavra meio universitária e pouco nômade, ao meu ver... Mas é um bom texto. :)
Gaaata garota-
Fina blogueira, tb soy de sangre caliente. O negócio é sair com classe sempre que possível mesmo. Nem sempre é fácil..
Tb tenho tendência a me ouriçar qdo o caboclo não bate ainda pelo olhar. O jeito é confiar no instinto feminino ;) e seguir adiante- no salto meu encanto.. no salto; rsss! Em último dos casos, serve sempre como arma branca- rsrsrsrsrs!!
beijoooo!!
(ps: a verdade é que só sou vista mesmo é de allstar por aí...)
sim: ah, "Sim"... palavra universitária é novo para mim. Pra mim palavra é palavra e desde que esteja em português, eu falo. E se eu falo, porque não um cigano nômade???
licor de jenipapo? mmmm...
A palavra é viva e vive ELUCUBRANDO com UUUUUUUUUUUUUUUUUU
BUUUUUUUUUUUUUU
MUITO BOM! BJ
oi Joana!!
desculpa o sumiço, estive muito doente, mas agora está tudo bem.
Deixei uma indicação para vc lá no blog ...rs, parece que esta onda de premios não acaba nunca né!? rsss
Sobre intuição .. é sempre bom acreditar na nossa!
beijos
;-)
Tá lindo, Jô...
Só uma coisa me entristece: você sumir assim e nos deixar órfãos dos seus textos deliciosos.
"eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora
quem está por fora
não segura um olhar
que demora
de dentro de meu centro
este poema me olha"
Paulo Leminski vê como você.
gostei daqui, virei mais vezes.
até!
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