De novo, no ônibus
Outra ventania de lascar e meu vestido esvoaçava em sintonia com os vácuos de arrancada de buzu, assobios e sopradas. Com apenas uma mão livre, eu tentava conter os panos num gesto que não impediu minha bunda de estampar a avenida manolo days algumas várias vezes. Torci pra ser o do meu ônibus o barulho de motor que dobrava a esquina, e era.
Entrei, sentei e senti um abafamento. As pessoas tinham medo do vento e lacravam as janelas, mas eu tava agitada com a peleja contra o vento e morta de calor. Vagou um lugar à janela e eu fui me sentar nele. Abri-a um pouquinho...
Começou a romaria, pensei, quando vi o primeiro vendedor ambulante subir pela frente (na verdade foi o segundo, tinha um vendedor de picolé que estava trocando um dinheiro com o cobrador na hora que eu passei na borboleta).
Borboleta, às vezes sai um nome lindo desse pra uma coisa chata dessa.
O sujeitinho, um garoto bochechudo e de voz boa, me fez fechar o livro e prestar atenção no que dizia.
Falava eloqüente, com apelos rebuscados, cheio de vivência; parecia um velho no corpo de um moleque, fora do tom como uma voz de menina em um barbudão. Pedia pra gente ajudar ele com algum ($) dizendo: "É da natureza humana a solidariedade".
Quase comprei, mas eram amendoins e eu queria chocolate.
O terceiro vendedor entrou no ônibus na metade do meu caminho.
Vendia drops, balas molengas, balas geladas, confeitos, jujuba e chocolate. Fiz sinal com a sobrancelha e quando ele se emparelhou à minha fila, perguntei:
- Quanto é o chokito?
- Um e trinta.
- Hum... - soltei, pensando em interromper a operação cata-moedinhas.
- Eu faço por um real.
- Tá certo, quero um.
Ora, chokito é um real. Há um tempão! Droga de inflação... Mas depois eu fiquei pensando... que pra mim não custava, que pra ele devia fazer diferença.
E segui pra faculdade, pensando nessas besteiras como pequenos crimes que eu sempre cometo.
terça-feira, maio 15, 2007
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13 comentários:
Seu episódio da saia também me aconteceu. Saias godê tem esse problema sério.
Nesse dia minha saia se apaixonou pelo sinal de trânsito. :)
joana, viu lá?
e me diz: onde anda o mauro?! tô preocupada...
jessika: ah, tem que contar essa historia!
alessandra: nao sei, também ando preocupada! nunca mais um email, nadinha de nada :S
é, isso acontece com as femeas, pra alegria dos machos..
Não é besteira...
Um beijo!
minha saia apaixonou-se pelo semáforo porém minha cintura, que era apaixonada pela roupa não deixou que ela fosse de encontro ao seu amado.
resultado: minha bunda ficou exposta para todos os vários machos que estavam esperando para entrar num show de metal...
fui aplaudida de pé, joana... hahaha
HAHAHAHAHAHA
genial!!!!!
Uma bunda solta no meio do dia, e somos involuntariamente generosas. Um chocolate pechinchado - e voltamos à sovinice familiar. No fim das contas, é assim que o mundo gira e a Lufthansa roda ...
beijo você
Jô, tecnologia é uma coisa, né? Mesmo distante continua a entreter minhas tardes...Sublime a nova lenda de tristão..
ah, aguce seu senso critico, leia e dÊ uma opinião para umas cronicas de minha irmã(http://eu-imaginario.blogspot.com/2007/05/s-acaba-quando-termina-parte-i.html). Ela tá produzindo algumas e está necessitando de criticas o seu trabalho. Acho que voce vai gostar. Aproveite e troquem figurinhas.. Beijão minha flor.
que bacana, adorei a escrita
oi Joana, eu de novo... tem tempo escrevi, mas sempre venho aqui e olho, e leio ... rs.
Hoje começei a ler e me lembrei da epoca que eu tomava buzu (faculdade) ... hoje é mais legal, tem vendedores prá distrair... rs
Gostei do jeito que vc escreve, prende e cativa.
bj
;-)
Aqui na minha cidade não temos essa "fartura de vendedores em ônibus,não sei se é bom ou ruim agora, para a minha felicidade, vento e saia, tem bastante.
Jojo, gostei do começo! Seu lead da saia estava bem sexy, fiu-fiu! Me fez prender a leitura ateh o final nao eh espertinha? :-D
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